Não sei onde eu to com a cabeça, não sei onde eu pensava estar. É tudo uma corda bamba acima de um abismo, esse foi meu primeiro deslize. Tá doendo. Tá me dando medo. Tá me dando medo de cair, e de tanto medo, talvez eu pense que seja fácil pular logo de uma vez, pra não doer mais, pra acabar logo e não haver nada mais do que o vazio de sempre.
Eu quero mudar as coisas, mas eu não quero. Não vai dar certo, está na cara. Está escrito nos folhetos de propaganda, na tela no cinema, é tudo o que dizem no Jornal Nacional. Tudo parece anunciar o fim, mas sei que vou me arrepender de não ter tentado. Vou me arrepender de tudo. Já comecei. Talvez não doa muito mais me arrepender de mais um pouco.
É só uma crise. É só mais uma confusão minha, só uma incerteza. Só tudo o que tem ocupado meu tempo. Só, apenas, nada mais. Chuva.
E se for verdade? E se for engano? E se eu estiver certa? E se eu estiver errada? E se for tudo imaginação? E se eu tiver demorado demais pra enxergar as coisas? E se eu fizer o que parece certo agora? E se eu prolongar isso? E se eu me arrepender depois? E se?
Por favor, alguém me responda. Tô discando o número da emergência, ninguém atende. Continua chovendo. Continua tocando uma música triste. Continua doendo.
Quando isso vai parar? Quando tudo vai finalmente fazer sentido?
Ninguém escuta. Sou só eu, minhas paranóias e as lágrimas que elas me causam. E essa chuva lá fora.
Parece suicídio, mas é só você.