Não tem como eu não escrever esse texto, nunca tem. Isso é uma espécie de anotação pessoal, só pra ficar registrado tudo o que eu passei quando eu estiver ocupada demais pra pensar no passado. Esse aqui é o meu diário.
Sei que ano passado eu escrevi um texto parecido com esse. Não parecido, mas com o mesmo tema. E, nossa, eu não imaginava que seria essa Francine escrevendo aqui de novo. Não que eu tenha mudado tanto assim, mas eu mudei, e mudei bastante ao ponto de falar isso.
Por dentro, até por fora, e muito ao meu redor mudou. Essa nova Francine ainda é dramática, por que isso nunca vai mudar, mas ela também deixou de lado tudo o que não é de verdade e passou a gastar seu tempo com aquilo e aqueles que realmente a fazem feliz. Não é uma barbie, não é um 'oi' do carinha pelo qual ela tem uma queda, não é um dez na prova de matemática. Ela aprendeu muito sobre superficialidade e sobre ser qualquer um com qualquer um, e com isso aprendeu também o que ela realmente quer pra vida dela. Não pra vida toda, não pra sempre. Mas o suficiente pra fazer do presente um passado melhor. Uns sorrisos aí, umas gargalhadas por bobagens, e qualquer um que a faça sentir e que queira dividir com ela a felicidade.
A Francine antiga, a do ano passado, a texto passado achava que sabia sobre tudo isso. Achava que sabia sobre o amor, achava que sabia sobre a felicidade, e sobre a infelicidade. É certo dizer que ela sentiu um pouco do gosto de cada uma dessas coisas, mas sentir o gosto não é saber quais são os ingredientes, não é saber como preparar o prato. Não que agora eu saiba, mas em vez de ficar pensando em tudo isso, minha única preocupação é aproveitar cada um deles da melhor maneira possível. Nada é perfeito, talvez nada nunca seja perfeito. Mas existem momentos de grandiosidade que, para serem sentidos, talvez se precise deixar o orgulho e a teimosia de lado. Isso é algo que ela aprendeu e que quer levar adiante.
A Francine também aprendeu que quase nada é em vão, e que nada deve ser dito em vão. Ela aprendeu o que é sentir saudade, essa coisa amarga que a faz querer chorar e fugir a quase todo momento. Mas algumas coisas às vezes devem ser deixadas de lado, e um sorriso às vezes é tudo o que a alma precisa. A Francine sente saudade de verdade, de pessoas de verdade, essas que a fazem sorrir de verdade. A verdade é tudo o que ela quer, é tudo o que ela precisa, é a coisa com que ela mais se importa agora. Porque, sendo de verdade verdadeira, verdadeiramente verdadeiro, o que mais importaria?
Essa nova Francine agradece por tudo o que aconteceu. Talvez as coisas não tenham acontecido como planejadas, talvez algo tenha causado um desvio na linha do trem, mas quanto a isso não se há muito o que fazer. Isso é sobre o fim e o recomeço.